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Meu DVD de mensagem!

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sábado, 26 de dezembro de 2009

O CULTO E A PÓS-MODERNIDADE





Pr. Neucir Valentim

Antigamente, tínhamos um número enorme de grupos na igreja e a juventude
participava efetivamente dos trabalhos da igreja. Funcionavam as
Confederações, as Federações e as Uniões de acordo com as suas respectivas
faixas etárias.


De um tempo para cá, todos nós, e não digo levianamente de forma
generalizada, porque acho que a generalização é perigosa, mas baseado nas
conversas com pastores e líderes dos mais diversos agrupamentos que
funcionavam assim, e de fato é: Algo mudou, e as coisas não são mais como
antigamente. Não podemos negar uma verdade tão clara, ao mesmo tempo não
adianta forçar algo que não está funcionando, porque buscamos com isso,
colocar a culpa dessa natureza interna da igreja sem olhar o pano de fundo
que nos envolve, aí culpamos alguém pela situação, primeiro o pastor,
depois os jovens, depois os adolescentes, depois não temos mais desculpas
para dar e voltamos à velha ladainha: não é mais como antigamente! De fato
não é mesmo.


Dias desses um pastor veterano cuja igreja era poderosa em cantatas e em
atividades de deixar os outro babando me disse: - Pois é as coisas mudaram
na minha igreja, já não fazemos aquilo que outrora éramos bons, está todo
mundo com compromissos, e já não existe aquela igreja ardorosa de outrora.
Ele se sentia culpado, mas depois refletiu melhor e está entendendo o
processo.


Colocar a culpa na pós-modernidade parece que cai como uma "desculpa" para
os mais antigos, pois não compreendem que ela mudou todos os
relacionamentos. Alguns insistem em não ver que ela mudou e que essa
transformação alcançou a igreja, só os que não a conhecem bem, não entendem
o poder do impacto em nossas relações.


Primeiro temos uma igreja hoje mais secularizada: Os jovens que viviam na
igreja, geralmente tinham uma meta, terminarem o primeiro ou o segundo
grau, arrumar um trabalho e viver com a família em sua igreja.


Só nesse quesito muitas coisas aconteceram. Hoje, ter uma faculdade já não
significa muita coisa, e as pessoas "ralam" para conseguir um lugar ao sol,
mais notadamente a maioria de nossos jovens e adolescentes estão "correndo
atrás dos estudos" porque o mercado de trabalho não perdoa. Os adolescentes
estão em pré-vestibulares exaustivos ou em cursos de preparação, os que
estão na graduação não tem tempo para nada, e quando terminam, precisam de
uma pós-graduação e um mestrado.


Faça uma enquete na igreja e veja quantos estão estudando alguma coisa para
arrumar algum lugar ao sol, e você ficará espantado como está todo mundo
exausto querendo uma qualificação melhor, e isso tem começado bem mais cedo
do que imaginamos.


Em segundo lugar a cultura da informação instantânea e de entretenimento é
extremamente cativante e desigual para com as igrejas.


O Brasil é tido como o país onde o "internauta" passa a maior parte do
tempo em frente ao computador, chegando a alguns casos há 13 horas por dia,
a televisão como canal fechado (vários canais de entretenimento) também tem
sido uma fonte de busca e de passatempo agora, disponível a uma parcela
maior da população, nem quero entrar no mérito do YouTube que já concorre
com a TV comum. A TV aberta está cultivando novos ídolos do Brasil: O
futebol, a novela e os realities Shows, a coisa é tão absurda que se
consegue mais votos nesses programas "ao vivo" para os seus concorrentes,
do que para Presidente da República! Ora bolas, se um jogador do Big
Brother consegue mais de 60.000.000 (sessenta milhões de votos) é porque a
audiência pega o nosso povo também, ou somos ingênuos em achar que os
crentes não assistem a esses programas?


A Novela que antigamente era coisa de donas-de-casa, agora dominou
completamente o mercado dos homens. Boa parte da população discute assuntos
de novela como se fossem coisas reais, verdadeiras e do cotidiano, sendo
até manchete de jornal! Sem pensar na destruição dos valores morais que
elas trazem.


Quem não assiste novela fica como se fosse um alienado diante de
brincadeiras oriundas de alguns personagens de plantão. E como diz o nome,
novela vem de novelo, que enrola quem nela se apega.


Temos também o futebol que mobiliza o mundo todo, como nunca! É o assunto
do dia, da noite e da manhã e do dia seguinte, quem não assiste vira um ET.


Para que você tenha noção (E não vai aí nenhum juízo de valor) ninguém ía
para uma igreja com camisa de times, e hoje isso é mais do que normal. Até
pastores fazem isso. Imagina isso antigamente!


Tem o play station (e sabemos que boa parte da casa de nossos jovens e
adolescentes tem), as músicas, o mp3, mp4,mp5, mp10 e por aí vai...


Os celulares servem também para serem usados como telefone, porque eles têm
tantas coisas que falar ao telefone ficou em último lugar na prioridade da
escolha. Além do fato de que o celular virou motivo de urgência, deixá-lo
desligado ou não atender a um chamado é como se deixasse alguém morrer.


A decisão de abrir o mercado no domingo também pegou muita gente pelo pé.
Trabalhava-se no domingo sim, mas não era como hoje, depois que a
Confederação Nacional do Comércio tirou as barreiras que desestimulavam o
trabalho dominical, tudo funciona aos domingos, desde um supermercado, até
serviços não essenciais, mas que dão lucro ao dono do negócio.


Poderia falar que o nosso tempo foi roubado pela pós-modernidade e ninguém
tem tempo nem para viver, e a igreja acaba ficando em segundo ou pior,
último plano.


Quem sobrevive a isso? As opções tem sido igrejas que funcionam como
Comunidades, onde as pessoas entram, cantam e saem depois de ouvir uma
"boa" palavra. Esse é o modelo vigente de culto da pós-modernidade.


Faço uma exceção das "mega igrejas" e dos "mega ministérios", que pagam
músicos e outras atividades afins, e que podem manter orquestras, grandes
corais e coisas do gênero.


Confesso que estamos precisando olhar este assunto com carinho antes que
nos culpemos por um estado que não é só nosso, mas do mundo evangélico como
um todo que vitima principalmente as chamadas igrejas históricas.


Posso falar com sinceridade que tenho saudade da minha igreja da juventude,
onde mais de oitenta jovens estavam à disposição aos dias de semana, aos
sábados e aos domingos, mas hoje, estão mais velhos como eu, lamentando que
as coisas mudaram, mas sabem, por experiência própria que precisam ter seus
filhos na faculdade ou compreendem o que é de fato a pós-modernidade. E que
o tempo que tínhamos outrora, foi-se embora.


Posso lembrar também do principio fast-food que se instalou em nosso meio
evangélico da pós-modernidade. Apenas em São Gonçalo existem mais de 6.000
novas denominações evangélicas, imagina no Estado do Rio de Janeiro ou
Brasil? Isso cria essa nova dinâmica, onde a igreja local deixa de ser o
referencial absoluto e passa ser marginalizada, porque é muito fácil achar
uma igreja nova, próximo a casa para experimentar os seus novos modelos.


Sim, perdemos as raízes, pois a pós-modernidade não deixa espaço para isso,
ela transforma tudo em cultura do virtual, das comunidades virtuais, das
amizades virtuais, dos jogos virtuais e dos relacionamentos virtuais
também.


Esses dias ouvi alguém dizendo que não ía a igreja dia de domingo, mas não
deixava de assistir o culto da igreja de um outro Estado, pela internet!


O que falar dos tele-evangelistas cuja concorrência é desleal com os
pastores de "carne e osso"? Sim porque esses parecem que são tão
midiáticos, que são intocáveis, não tem contato com ovelhas, e por isso,
são ótimos, perfeitos e incomparáveis ao pastor local que "conhecemos" os
seus defeitos, pois os da mídia, só aparecem bonitos e com boas palavras.


A pós-modernidade na verdade está causando um mal maior, o da falta de
ligação afetiva, e o custo disso está aí, na família destroçada, na
sociedade hedonista e na busca do prazer a qualquer preço.


Um dos grandes problemas da pós-modernidade foi o fim dos paradigmas, ou se
era de direita ou de esquerda, pentecostal ou tradicional, isso ou aquilo,
ela relativizou tudo e nada está certo, e a moral nisso, onde fica? A moral
na pós-modernide está no limite do padrão de prazer que alguém pode ter. Em
outras palavras, se confere prazer, porque não fazer? Esse é o limite
moral.


Ouço uma ladainha de pastores que gemem porque não conseguem compreender
mais o mundo em que vivem, em contrapartida, para alguns pastores
"aventureiros", adoraram os novos tempos, porque no período anterior à
pós-modernidade, eles seriam cobrados por algumas atitudes que têm ou pelo
que realizam em nome do sagrado, com a maior cara de pau. Afinal, todos
querem ser senhores de si mesmos, e quanto a isso, nada melhor do que uma
igreja que mergulha de cabeça aproveitando a falta de amor dos dias atuais.


Encaro o atual momento com dois versículos que Jesus falou: " Contudo
quando vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra? Lc 18:8. Sim
porque o atual momento promove tudo, menos a fé singela e genuína do
passado. O segundo versículo também, de natureza escatológica é mencionado
também em Lucas "Olhai por vós mesmos; não aconteça que os vossos corações
se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e aquele
dia vos sobrevenha de improviso como um laço.", Lc 21:34. Jesus está
falando desse tipo de embriaguês espiritual, afinal, ele fala para crentes.

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Neucir Valentim é pastor titular da Primeira Igreja Evangélica e Congregacional de Niterói e diretor do Seminário Teológico Congregacional de Niterói.

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